HISTÓRIA CULTURAL - RESUMO DE LIVRO
SANDRA PESAVENTO, compreendendo a importância de inserir-se no debate contemporâneo sobre a historiografia e a História, introduz seu trabalho com um diálogo, que, nas suas palavras, enfatiza o enredo do livro: “Se a História Cultural é chamada de Nova História Cultural é porque está dando a ver uma nova forma de a História trabalhar a cultura. Não se trata de fazer uma história do Pensamento ou de uma História Intelectual, ou ainda mesmo de pensar uma História da Cultura nos velhos moldes, a estudar as grandes correntes de idéias e seus nomes mais expressivos. Trata-se antes de tudo, de pensar a cultura como um conjunto de significados partilhados e construídos pelos homens para explicar o mundo. A cultura é ainda uma forma de expressão e tradução da realidade que se faz de forma simbólica, ou seja, admite-se que os sentidos conferidos às palavras, às coisas, às ações e aos atores sociais se apresentam de forma cifrada, portanto, já um significado e uma apreciação valorativa”.
Assinala que 80% por cento da produção historiográfica brasileira vêm do campo da História Cultural a partir dos anos 90, daí a atualidade e importância do tema e sua transversalidade.
Clio e a grande virada da História
Dessa forma, no dizer da própria autora, Clio a musa da História do Monte Parnaso do imaginário grego, filha de Zeus com Mnemósine, a Memória:
“No tempo dos homens, e não mais dos Deuses, Clio foi eleita a rainha das ciências, confirmando seus atributos de registrar o passado e deter a autoridade da fala sobre fatos, homens e datas de um outro tempo, assinalando o que deve ser lembrado e celebrado”, hoje, seus atributos, assumem a faceta emblemática e difundida da chamada História Cultural.
A ascensão da História Cultural, segundo a autora, com a crise dos paradigmas que até então balizavam a historiografia com ênfase no Marxismo e na Escola dos Annales, insinua-se na cena acadêmica da História com o pós-Guerra, a crise de Maio de 68 na França, a guerra do Vietnã, a ascensão do feminismo e o surgimento do ‘New Left’ (Nova Esquerda Marxista dos anos 50 na Inglaterra).
A tendência representou também uma maneira de “escapar” de determinadas instâncias da realidade globalizante, como cultura, meios de comunicação de massa e de sua logicidade.
“... foi ainda de dentro da vertente neomarxista inglesa e da história francesa dos Annales que veio o impulso de renovação, resultando na abertura desta nova corrente historiográfica e que chamamos de História Cultural ou mesmo de Nova História Cultural”. (p.10).
Analisa PESAVENTO que nos anos 80, quando da chamada crise dos paradigmas, a historiografia mundial, acentuada pelo historismo ou historicismo de Ranke, “... a chamar a atenção para as descontinuidades dos tempos históricos e a necessidade de buscar os sentidos de cada momento do passado...” (p.10), e o positivismo de Comte, era predominante; enquanto no cenário nacional, dominava uma postura marxista com reminiscências em Caio Prado Jr., e Nelson Weneck Sodré, e uma realidade marcada pela abertura lenta e gradual da Ditadura Militar de 1964.
Assim, “Por outro lado, o conceito de ideologia foi considerado insuficiente para a análise do chamado “mundo das idéias”, amarrado que estava às determinações da classe e do mecanismo da dominação e subordinação” (p.12) da linha do marxismo, e “Em outra ponta, as perspectivas globalizantes da escola dos Annales, particularmente com relação às ambições de uma história total, tal como construída por Fernand Braudel, revelavam a sua pouca possibilidade de criar seguidores.” (p.13).
Em virtude desse quadro pouco animador, “... particularmente, nas décadas de 60 e 70, a História não ocupava mais o lugar de destaque entre as ciências sociais, sobrepujada que fora pela Sociologia, a Ciência Política e também a Economia”.
Então, “Para fugir a essa posição de vazio teórico, só mesmo recorrendo a uma história marxista, com seu modelo explicativo no qual, de antemão, já se sabiam as respostas. Nesse sentido, a História estava, literalmente, encurralada”. (p. 14).
A História Cultural, ou Nova História Cultural no seu entender, vem, de certa maneira, dar novo sentido à História e aos domínios da “Deusa Clio”: “A História está em alta, sim, e isso se deve, em grande parte, às suas novas tendências de abordagem do real passado” (p. 14).
Seguindo essa trilha, PESAVENTO, segura, assevera “Mudou o mundo, mudou a história, mudaram os historiadores” (...) “É possível traçar uma história dessa mudança na História, que assumiu a forma da História Cultural?” (...) “Temos consciência de que o que se chama hoje História Cultural envolve historiadores com posturas bem diversas, como Roger Chartier, Robert Darnton e Carlo Ginzburg.” (p. 16).
Precursores e redescobertas: a arqueologia da História Cultural
Essa nova visão ou construção passou pelo aprimoramento “No decorrer da primeira metade do século XIX, o espírito romântico produziu historiadores preocupados em escrever histórias nacionais (...) destaca-se o francês Jules Michelet.”.
“O que chamou a atenção dos historiadores contemporâneos foi mais propriamente o esforço, levado a efeito por Michelet, de identificar um agente sem rosto – o povo, as massas – como personagem da história e como protagonista dos acontecimentos...”. (p. 19). Além de outros temas relativamente atuais, como, por exemplo, as mulheres e feiticeiras.
Perpassando as diversas escolas e autores SANDRA PESAVENTO procura sintetizar a evolução do pensamento nas diversas escolas que influenciaram a consolidação da temática da História Cultural: “Embora ainda pouco estudada, em geral, pelos historiadores, a vertente do culturalismo alemão, na senda aberta pelo pensamento de Kant e Hegel, é fundamental para o que chamamos de uma arqueologia da História Cultural”. (p 21).
“Não seria demais lembrar, nesta linha de precursores, a figura de Jakob Burckhardt, com sua obra publicada em 1860, A civilização da Renascença na Itália... pelo que rompia com os tradicionais esquemas cronológicos de sucessão linear no tempo”. (...) “Leopold Von Rank, já antes assinalado, fora integrante da postura intelectual definida como historicismo... Ranke se voltava contra a filosofia da História, negando que houvesse um fio condutor ou postulado imutável a conduzir os fatos ao longo do tempo”. (...) “Já Johann Gustav Droysen... se valia da ficção para construir a sua narrativa, compondo uma espécie de ilusão ou versão sobre o passado”. (p. 22).
Destaca entre outros “Wilhelm Dilthey, historiador e filósofo da cultura, foi um instaurador da hermenêutica, ao postular a necessidade de vencer a distância temporal do passado” (p. 23).
Importante a contribuição da Psicanálise de Sigmund Freud e de Jung que “... com a sua procura dos sentidos mais ou menos velados que as imagens comportavam, abriu caminho para os estudos do simbólico e do consciente, além de revelar a importância do indivíduo”. (p. 23).
No campo da Antropologia Cultural e da Etnologia Marcel Mauss e Émile Durkheim nos idos do século XIX e XX, dado o destaque conferido às representações “... pela atenção que dava ao processo de construção mental da realidade, produtor de coesão social e de legitimidade a uma ordem instituída, por meio de idéias, imagens e práticas dotadas de significados que os homens elaboravam para si” (...) “Como uma forma de entendimento segundo a qual os homens elaboravam formas cifradas de representar o mundo, produzindo palavras e imagens que diziam e mostravam mais além do que aquilo que era expresso e mostrado nos registros materiais” (p. 24).
Assertivamente vai buscando construir um arrazoado dentro da produção intelectual, assegurando que “A rigor, a história, na sua virada dos paradigmas, iria se nutrir, em certa dose e medida, de todas essas pequenas trilhas e indícios para elaborar e assumir uma nova postura”.
Assim, com Walter Benjamim, na Alemanha, e Antonio Gramsci, na Itália nos anos de 1930, a partir do pensamento marxista. “Gramsci... ao propor uma outra concepção de entendimento do Estado, da cultura e dos intelectuais.
Em certa medida, com a própria rigidez da análise classista da mudança social, mostrando a riqueza e a mobilidade dos grupos dentro do esquema de alianças que se realiza no âmbito da sociedade civil para a construção da hegemonia.” (p. 25).
E Walter Benjamim “Sua meta é realizar uma espécie de arqueologia da cultura no século XIX, e decifrar essas imagens que os homens construíram sobre a realidade. (...) “...parte do conceito marxista do fetichismo da mercadoria para apresentá-la como fantasmagoria: imagens de desejo, ilusórias, que representavam o mundo, dizendo-o de uma outra forma, mostrando o que deve ser mostrado, travestindo a realidade e ocultando o que é possível ser ocultado” (p. 25 3 26).
“Gaston Bachelard, filósofo do imaginário que na década de 1940 ousou reconciliar a ciência com o sonho...”; “Ernst H. Gombrich ou Erwin Panofsky, ensinaram na primeira metade do século XX, a olhar as imagens pictóricas de uma outra forma, vendo nelas a vida, os valores, os sentimentos, as razões de um outro tempo” (p. 26).
Paul Ricoeur nos anos de 1950 “... discutia não só a possibilidade de obtenção da verdade, mas a própria existência de uma finalidade na história” (...) “Por exemplo, é por meio da hermenêutica de Paul Ricoeur que vêm a ser discutidos os distanciamentos e as aproximações entre as narrativas literárias e histórica, pondo em causa as dimensões da verossimilhança e da veracidade dos discursos”. (p. 27). Além disso, contempla PESAVENTO “Um amplo debate sobre o estatuto do discurso historiográfico se abria quando, em 1967, Roland Barthes se indagava sobre os traços que poderiam distinguir a narrativa histórica da ficcional”. (p. 27).
Edward Thompson “... introduziu inovações nos planos da teoria, do método, da temática e das fontes a serem utilizadas pela história... abandonou a clássica definição marxista-leninista, que identificava a classe pela posição ocupada junto aos meios de produção. Alargou o conceito, entendendo que a categoria deveria ser apreciada no seu fazer-se, no acontecer histórico, na sua experiência como classe... Thompson resgatava para o historiador a dimensão do empírico: a pesquisa de arquivo era indispensável, e nesse ponto se abriam não só novos enfoques temáticos como nova documentação... Para surpreender essas mudanças, do cotidiano da vida e do trabalho, era preciso encarar novas fontes: jornais, processos criminais, registros policiais, festas, etc.”. (p.29).
Continua enfatizando os neomarxistas como Georges Rudé “... com seus estudos sobre a multidão”. Raymond Williams que “... pôs em foco a construção da cultura na Inglaterra e a forma como, desde a cidade, o campo foi ressignificado, induzindo a toda uma nova percepção da realidade pelos agentes sociais. Nesse sentido, a cultura passava a ser considerada fator de mudança social, mesmo como agente decisivo no processo de mudança da história” (p. 30).
A Escola dos Annales contribuiu decisivamente com sua história das mentalidades, pois “Lucien Febvre havia demonstrado preocupação com os domínios do simbólico” e a tendência dos estudos econômico/social de Fernand Braudel no âmbito da segunda geração. Na terceira geração com Pierre Goubert e Emanuel Le Roy “... o nível cultural passou a ser entendido como uma forma de determinação primária da sociedade”. (p. 31).
“Por outro lado, a história social dos Annales trabalhava com a idéia da diferença, e não a da contradição de classe” (p. 31). “Tais questões seriam, grosso modo, as seguintes: como as elaborações mentais, produtos da cultura, se articulavam com o mundo social, a realidade da vida cotidiana? Como era possível estabelecer correspondências entre todos esses níveis e também objetos de estudo? Como era possível descobrir os sentimentos e significados que os homens atribuíam a si próprios e às coisas? Até onde iam os limites da História, se precisassem diálogos com outros campos de conhecimento ou outras ciências?” Michel Foucault “... dizia supor que em toda sociedade a produção de discursos estava controlada por procedimentos de classificação, avaliação, divisão, separação e limites... Para Foucault não haveria separação entre texto e contexto, e aquilo que se convencionava chamar de real era dado por objetos discursivos, fixados historicamente pelos homens”. (p. 32 e 33).
“O pensamento foucautiano incomodou os historiadores, ao instalar uma História sem sujeito e ao tomar o discurso pelo real, além de indicar que o objeto se define pela prática discursiva”. Já para Paul Veyne em “Como se escreve a história, publicado em 1971: “A História era, no seu entender, uma narrativa verídica, como relato do que ocorrera um dia... a História tinha um campo indeterminado, salvo a exigência de lidar com o acontecido, o que fazia da história uma narrativa distinta daquela da literatura” (p. 33). O historiador norte-americano Hayden White, com sua Meta-História, em 1973, “...afirmava que a História era uma forma de ficção, tal como o romance era uma forma de representação” (p. 34).
Michel de Certeau em 1975 com o livro a “escrita da história” afirma que “... a história do fazer história teria sido, no Ocidente moderno, um processo de invenção ou ficção que busca explicar o passado desde o presente” (p. 35).
Assim é que “O debate modernidade X pós-modernidade parecia mesmo atingir em cheio o campo da História, pois, com a crítica ao racionalismo e às pretensões da Historia à totalidade, se indicava estar atacando as conquistas de uma História moderna, dotada de um método e de um sólido caminho de investigação dos arquivos. Do outro lado, se identificava uma História pós-moderna, sem nenhum referencial teórico de análise, campo de um vale-tudo absoluto de escolhas temáticas, sem pretensão alguma de racionalidade”. (p. 37).
A partir de então a autora se detém na História Cultural como campo temático de trabalho consolidado na historiografia.
Mudanças epistemológicas: a entrada em cena de um novo olhar
A História Cultural reorienta a postura do historiador frente aos conceitos, sendo um dos principais, o da representação. “A representação envolve processos de percepção, identificação, reconhecimento, classificação, legitimação e exclusão.” (p.40).
A partir desse parâmetro, entendendo que “Aquele que tem o poder simbólico de dizer e fazer crer sobre o mundo tem o controle da vida social e expressa a supremacia conquistada em uma relação histórica de forças.” (p. 41).
Continua a historiadora, “Neste ponto, um novo conceito se apresenta como fazendo parte do elenco de mudanças epistemológicas que acompanham a emergência da História Cultural: o imaginário”. (...) “O imaginário comporta crenças, mitos, ideologias, conceitos, valores, é construtor de identidades e exclusões, hierarquiza, divide, aponta semelhanças e diferenças no social. Ele é um sabe-fazer que organiza o mundo, produzindo a coesão ou o conflito.” Que para o filósofo Cornelius Castoriadis vai “Para além da sua dimensão histórica, o imaginário é capacidade humana para representação do mundo, com o que lhe confere sentido ontológico.”. E complementa “Nesta medida, o historiador Le goff aproxima-se do filósofo Castoriadis, quando este diz que a sociedade só existe no plano do simbólico porque pensamos nela e a representamos, desta ou daquela maneira.” (p. 45)
Embora que, em contradição, o imaginário para a Antropologia surge como “... estruturas mentais, de tendências permanentes de organização do espírito humano. Eles são os arquétipos, elementos constitutivos do imaginário que atravessam os tempos, assinalando formas de pensar e construir representações sobre o mundo... argumenta Yves Durand” (p. 45 e 46).
Lucian Boia é o historiador que “...se propõe resolver essa tensão no âmbito do imaginário... O autor tanto vê persistências estruturais do espírito quanto uma re-elaboração permanente ao longo da história dos tais arquétipos imaginários, que sintetiza em oito exemplos a atravessar as épocas: a consciência de uma realidade transcendente; a idéias da morte, do duplo e do além; a alteridade; a unidade; a atualização das origens; a decifração do futuro; a necessidade de evasão; as lutas ou polarização dos contrários.” (p. 46).
Dessa forma conclui “Estivemos a falar até agora da construção de uma narrativa histórica, que tem como meta chegar, o mais próximo possível, da verdade do acontecido. Mas no campo da História Cultural, o historiador sabe que a sua narrativa pode relatar o que ocorreu um dia, mas que esse mesmo fato pode ser objeto de múltiplas versões.” (p. 51). Que “Para Natalie Zemon Davis, os historiadores teriam ultrapassado a clivagem de Aristóteles entre a História e a Literatura, pois hoje se admite que a História joga com o possível, o plausível, o verossímil.” (p. 53). “Nessa medida, História e Literatura são formas de dar a conhecer o mundo, mas só a História tem a pretensão de chegar ao real acontecido. Estes são, segundo Ricoeur, o drama e a especificidade da narrativa histórica. Ao estabelecer uma aproximação entre a Memória e a História, apresentando-as como discursos de representação do passado, Ricoeur diz que, à História, estaria negada a pequena alegria do reconhecimento preservada à Memória”. (p.55).
“Um outro conceito ainda se impõe, dizendo respeito a algo que se encontra no cerne daquilo que o historiador do passado pretende atingir: as sensibilidades.” (...) A rigor, a preocupação com as sensibilidades da História Cultural trouxe para os domínios de Clio a questão do indivíduo, da subjetividade e das histórias de vida. Não mais, contudo, uma história biográfica, dos grandes vultos da História, mas muito mais biografias de gente simples, da gente sem importância, dos subalternos. Uma história de indivíduos que deriva assim, de uma história social renovada: do estudo dos pobres, dos subalternos enquanto classe ou grupo, detentores de uma expressão cultural dita popular, passou-se a uma história de vida das pessoas humildes, na qual possam ser surpreendidos os sentimentos, as sensações, as emoções, os valores.” (p. 56).
Por fim “A produção de identidades, no caso, é sempre dada com relação a uma alteridade com a qual se estabelece a relação. Proximidade e distância coexistem. Como diz Ginzburg, somos sempre estrangeiros com relação a algo ou alguém.” (p. 60).
Em busca de um método: as estratégias do fazer História
Passamos agora especificamente, no tocante à História Cultural, buscar o caminho da construção desse saber, como afirma a autora “É a questão formulada ou o problema que ilumina o olhar do historiador, que transforma os vestígios do passado em fonte ou documento, mas é preciso fazê-los falar”.
“Carlo Ginzburg, em ensaio já clássico, nos fala de um paradigma indiciário, método este extremamente difundido na comunidade acadêmica. Nele o historiador é equiparado a um detetive, pois é responsável pela decifração de um enigma pela elucidação de um enredo e pela revelação de um segredo... Aliás, refere-se Ginzburg, o próprio Marx afirmara que, se a realidade fosse transparente, não haveria necessidade de interpretá-la!”. (p. 63).
“O paradigma indiciário de Ginzburg encontra correspondência naquela estratégia já anunciada décadas antes por Walter Benjamim e redescoberta pelos historiadores: o método da montagem”. (p. 64).
“Montar, combinar, compor, cruzar, revelar o detalhe, dar relevância ao secundário, eis o segredo de um método do qual a História se vale, para atingir os sentidos partilhados pelos homens de um outro tempo”. (...) “Do texto ao extratexto, esse procedimento potencializa a interpretação e assinala uma condição especialíssima, que é o verdadeiro capital do historiador: a erudição. (p. 65).
“É essa bagagem prévia que lhe permite realizar, por exemplo, uma leitura intertextual, ou seja, ver em um texto dado a leitura, apropriação e ressignificação feita a partir de um outro. Ler, em um texto, outro; remeter uma imagem a outra, associar diferentes significantes para remeter a um terceiro oculto, portador de um novo significado”. (p. 66).
“Mas, em matéria de método, é possível ainda falar na descrição densa, estratégia apropriada da Antropologia e levada a efeito pelas análises de Clifford Geertz”. (p. 66).
PESAVENTO assevera que o método é que fornece ao historiador meios de controle e verificação, que permite fazer da História uma ficção controlada, convertendo o documento em prova, podendo daí resultar, que a História poderá ser testada, analisada à comprovação, uma vez que o leitor ou estudioso à luz das fontes-provas e da linguagem poderá percorrer o mesmo caminho do pesquisador. E assim, como o recurso do extratexto, revelando o método, compondo, estabelecendo analogias, contrastes, superposições e nexos importantes para o resultado final da obra.
Correntes, campos temáticos e fontes: uma aventura da História
A seguir, com base nesses parâmetros epistemológicos anunciados, ressalta SANDRA PESAVENTO, que, de tudo, restou uma história revigorada com a crise de paradigmas, com ênfase, claro, e o grande apelo de mídia proporcionado pela História Cultural, despertando público, criando raízes e dando margem ao aparecimento de novas correntes.
As principais, no seu entender, a corrente da escrita e da leitura, das grandes narrativas históricas, que ao aproximar-se da literatura, não se rende ao estilo, permeando a própria literatura e ficção de história.
A corrente da micro-história, que, a partir do fragmento de uma dada realidade social, de um olhar microscópico sobre o objeto responde questões que podem ser relativizadas, de forma que, com as ferramentas necessárias, com imaginação, com sensibilidade e com, talvez, uma descrição densa, como fez muito bem Carlo Ginzburg, em “O queijo e os vermes”, com os riscos é claro da hipertrofia, se sobrepõe dentro da
História Cultural de forma marcante.
A Nova História Política, uma terceira corrente de destaque no livro, que procura fazer uma releitura do político pelo cultural “Abandonando formas ainda herdadas de uma tradição positivista, linear, seqüencial e causal de análise do político ou ainda de um viés marxista, a ver a política como manifestação superestrutural de uma infra-estrutura socioeconômica, ou ainda mesmo a uma vertente da ciência política, a estudar os comportamentos políticos dos grupos, os partidos e as eleições, o renascimento da história política, a aproximação com a historia cultural rendeu bons frutos”. (p. 76).
A par dessas escolas, surgiram campos temáticos importantes da produção historiográfica da História Cultural.
Cidades, local de realização da produção e da ação social, do imaginário urbano, “De um lado pensadores como Voltaire identificam a cidade como centro de difusão da cultura e da civilização, como forma superior das realizações humanas, núcleo difusor da novidade e do bem-estar da vida; de outro, a cidade comparece como noir. Cidade maldita, cidade-pecado, ela é reduto do vício, do perigo, do enfrentamento social, a expor a miséria e a degradação da condição humana, tal como pensou Engels. Mas como analisa Schorske, a cidade produziu também uma forma de qualificação amoral e cética: Baudelaire a celebra como situada acima do bem e do mal, desprezando todas as regras, tal como se configura na modernidade”. (pp.78 e 79).
História e Literatura “Para a História Cultural, a relação entre a História e a Literatura se resolve no plano epistemológico, mediante aproximações e distanciamentos, entendendo-as como diferentes formas de dizer o mundo, que guardam distintas aproximações com o real. Clio e Calíope participam da criação do mundo, como narrativas que falam do acontecido e do não-acontecido, tendo a realidade como referente a confirmar, a negar, a ultrapassar, a deformar”. (p. 80).
Imagens na História Cultural “A rigor, se reconhece a força de imagem, como comenta Louis Marin, pelos seus efeitos: pelo seu poder de ação, de mobilizar autores, de gerar ações, pela visibilidade de seus efeitos sobre corpos e mentes”. (...) “A partir desse momento, a imagem, enquanto registro de algo no tempo, é testemunho de época, mas testemunho também de si própria, tal como o texto literário, ou seja, é o momentos de sua feitura, e não a temporalidade do seu conteúdo ou tema que cabe atingir”. (pp.87 e 88).
As Identidades “Enquanto representação social, a identidade é uma construção simbólica de sentido, que organiza um sistema compreensivo a partir da idéia de pertencimento”. (p. 89).
A Alteridade “... os outros são, também, muitos, e podemos conviver com eles em termos de admiração ou emulação, de sedução e desejo, de estranhamento e distância ou, no seu caso-limite, em termos de negação. Nesse caso, estaríamos diante da modalidade perversa da alteridade”. (p.92).
Por fim, em gestação, mais um campo de pesquisa dentro da abordagem cultural da história, que surge, é a História do Tempo Presente.
História do Tempo Presente “Ora, tal campo implica tomar esta História na qual os acontecimentos estão ainda a se desenvolver. Trata-se de uma História ainda não acabada, em que o historiador não cumpre o seu papel de reconstruir um processo já acabado, de que se conhecem o fim e as conseqüências. Não se trata, pois da construção ex-post de algo que ocorreu por fora da experiência do vivido, pois o historiador é contemporâneo e, de uma certa forma, testemunha ocular de um processo que ainda se desdobra e do que não se conhece o término”. (p. 93).
Outro é o da História e Memória que “... são representações narrativas que se propõem uma reconstrução do passado e que se poderia chamar de registro de uma ausência no tempo”. (...) “... cabe dizer que a contrapartida da Memória é o esquecimento. Não é possível tudo lembrar, pois a Memória é seletiva, tal como a matéria do esquecimento também é objeto de processos que ultrapassam a escala do inconsciente”. (p.95).
Finalmente SANDRA PESAVENTO afirma que com relação ao espectro das fontes, esse se revela quase que infinito ao pesquisador da História Cultural. “Uma idéia na cabeça, uma pergunta suspensa nos lábios, o mundo dos arquivos diante dos olhos e das mãos. Nessa medida, tudo pode vir a tornar-se fonte ou documento para História, dependendo da pergunta que seja formulada”. (p.97).
Uma difusão mundial: a História sem fronteiras
PESAVENTO faz então um apanhado de todas as escolas e de seus expoentes, a partir da França e pelo redor do mundo, citando nomes e obras, muitos deles já citados neste resumo de sua obra: “Entendemos, pois, que essa citação de autores que, no nosso entender, trabalham com a História Cultural, não é completa e não esgota o panorama historiográfico desta corrente”. (p. 105).
Os novos parceiros da História; nas fronteiras do conhecimento
A História Cultural tornou mais abrangente o campo de trabalho. “Quando a História se defronta com os seus novos parceiros, que vêm da Literatura, da Antropologia, da Arte, da Arquitetura e do Urbanismo, da Psicologia e da Psicanálise, o diálogo a ser mantido não estabelece hierarquias ou territórios de propriedade de um campo específico”. (p. 109). Assim como fora em outros tempos com a Heráldica, a Diplomática ou a Geografia. Com as Ciências Políticas, a Sociologia e a Economia.
Os riscos da empreitada: alerta geral
Para os historiadores de plantão “O sucesso da História Cultural, no plano da academia e da mídia, não deve obscurecer o fato de que há riscos de análise, há críticas, há problemas que se colocam diante do historiador”. (p. 115).
“O que o historiador da cultura deve ter em mente, hoje, é algo que nem é tão novo assim: existem hierarquias de verdade, verdades parciais, transitórias, pessoais ou sociais, como uma espécie de verdades provisórias, aceitas e reconhecidas como tal em uma época dada”.
SANDRA PESAVENTO conclui seu trabalho bem elaborado e distinto “Mas a História Cultural apresenta riscos e põe exigências: é preciso teoria, sem dúvida, ela exige o uso desses óculos, conceituais e epistemológicos, para enxergar o mundo”.
“Como resultado, propõe versões possíveis para o acontecido, e certezas provisórias”. (...) “Parece difícil, mais talvez resulte dessa condição o seu maior encanto, fazendo do fazer História uma aventura, sempre renovada, do conhecimento”. (p. 119).
*PESAVENTO, Sandra Jatahy. História & História Cultural. Coleção “Histórias e Reflexões”. Editora Autentica, 2. Ed – Belo Horizonte, 2004: ISBN 85-7226-078-2. (Resumo da Obra apresentado na cadeira de História Cultural ministrada pela Professora Maria Arleilma do Curso de História da URCA/Universidade Regional do Cariri em Novembro de 2010).
sábado, 20 de novembro de 2010
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
ENEM - 2010: REDAÇÃO: TEMA: O TRABALHO NA CONSTRUÇÃO DA DIGNIDADE HUMANA
O mundo contemporâneo, mais do que antes, é um mundo competitivo. A competição apresenta-se aos seres humanos desde o nascimento, na idade adulta, na velhice e até na hora da morte.
As disputas são de toda ordem e gênero, desde o suprimento de alimentos, no combate à desnutrição infantil e juvenil ao atendimento médico e hospitalar, às vagas na escola ao ensino universitário e de formação profissional.
A superação das dificuldades e dos obstáculos que a vida apresenta, somente poderão ser superados, individualmente e coletivamente com a preparação para o trabalho, instrumento de construção da dignidade humana.
O trabalho humano nos dias atuais, exige uma qualificação especial, uma vez a tecnologia e o conhecimento aplicados à produção de bens e serviços induz menos força bruta, dado que a robótica, a mecanização e informatização predominam.
Por outro lado, as desigualdades na democratização dos conhecimentos científicos, na distribuição de bens e serviços capazes de favorecer a instrução das pessoas para a competição por vagas no mundo do trabalho poderá criar um contrasenso, ociosos por inapetidão.
Assim, seria importante e alvissareiro, que os governos investissem mais recursos na educação e criassem programas de inclusão como o PROUNI e o ENEM.
Homens e Mulheres bem preparados para o trabalho dignificam e humanizam a sociedade.
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
ADEUS TASSO! JÁ VAI TARDE.
Juazeiro do Norte(CE), novembro de 2010.
O truculento, mandachuva, prepotente, maior cobrador de imposto do Ceará, que nem Zaqueu no tempo de Cristo, foi tão cruel e inexorável com o bolso do contribuinte , em meio ao conturbado mundo da eleição perdida, tenta confundir os eleitores do nosso Estado, atribuindo a sua derrota ao ilustre nordestino, o presidente LULA. Se no início da leitura o amigo leitor não percebeu quem é, trata-se do moribundo e sorumbático ex-senador Tasso Ribeiro Jereissati. Declarou nos meios de comunicação, ao saber que havia sido derrotado, que não mais concorrerá a cargos públicos, caindo por terra um império de político profissional de vinte e quatro anos. É isto mesmo! 16 anos como senador e 8 como governador do Ceará. Cabe aqui uma pergunta; Se tivesse sido eleito não assumiria ?
Quando subiu ao poder, foi uma festa, mil e uma maravilhas. Nunca demonstrou afeição para com o Pe. Cícero Romão Batista, e muito menos com o povo de Juazeiro do Norte. Vejam a enorme diferença de postura em relação ao atual governo Cid Gomes. Quem o derrotou foi o próprio POVO, da mesma forma como ele entrou na política. As ideias neoliberais que ele defende, só trouxeram mazelas e desemprego com as privatizações. Vários cearenses perderam seus empregos, frutos de concursos públicos, com estudo e dedicação, todavia, os sonhos de muitos foram por água abaixo.
Com tantos anos no poder e muita grana no bolso, é hora de agradecer a Deus, pois a pobreza, nunca será lembrada nos corações de políticos do tipo avarento, cujo grupo Edson Queiroz, do qual ele é membro, domina maior parcela da economia cearense. O povo cearense cansou da constante matemática, “galeguin do zói azul”, pois ele, Arthur Virgílio(Am), José Carlos Aleluia(Ba), Marco Maciel(Pe), Mão Santa e Heráclito Fortes(Pi), queriam morrer em Brasília, ao som da música; daqui não saio, daqui ninguém me tira. Também com tanta mordomia e tudo pago pelo o povo cearense, no caso de Tasso Jereissate, nesse trem só não vai quem já morreu. No Estado democrático de direito, político dessa laia, tem que se curvar diante do POVO, que é soberano e eterno no poder. Os caririenses aprenderam a dizer adeus a quem já vai tarde.
E AGORA JOSÉ? NÃO ZOMBE DE MULHER.
E agora Zé Serra, a festa acabou, a noite esfriou, o dia não veio. Assim falou o grande poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade. Podemos perceber visível disparidade entre o Serra e a brilhante DILMA ROUSSEFF, representante legítima do Brasil, a qual resgatou o valor da mulher brasileira, como primeira presidenta da Nação. Pra Serra e seus aliados a festa realmente acabou. Quer morrer no mar? mas o mar secou. Quer ir para Minas? Em Minas Gerais , DILMA ganhou. Não teve jeito, as baixarias tucanas, acusações, calúnias, piadas e humilhações, nada lhe trouxe proveito. Deus não fez a mulher somente para a função reprodutora, onde os machistas as têm como submissas nas prendas do lar, criar os filhos e satisfazerem seus instintos. A mulher pode exercer e trabalhar em qualquer atividade, pois ela é peça fundamental para o atual estágio de progresso do mundo hodierno. O Brasil é um país jovem, temos quinhentos e dez anos de vida. Sabemos que só a Princesa Isabel, foi a primeira mulher a exercer o cargo máximo do Brasil, quando Sua Alteza Imperial, no dia treze de maio de 1888, com sua sensibilidade feminina e cristã, libertou a raça negra da escravidão em que vivia.
No Mundo e no Brasil, não faltaram exemplos dignos de mulheres lutando pelos os seus direitos, como Joana D,arc, Bárbara de Alencar, Violeta Arrais, Olga Benário, Tarsila do Amaral, Maria da Penha, uma infindável lista de mulheres guerreiras que pagaram com a própria vida, na luta pela conquista do direito de igualdade. Dilma Rousseff, é um exemplo de pertinácia e obstinação. Enfrentou a ditadura, a mais negra e cruel página da nossa História, foi presa e torturada, todavia, não fugiu do Brasil. Zé Serra e Fernando Henrique Cardoso, como medo da prisão foram embora sob pretexto de exílio. Já que a verdade é filha do tempo e não dos poderosos, Dilma deu a volta por cima, pois a mulher brasileira não deve desistir nunca, sendo eleita com justiça Divina, a primeira mulher presidenta do Brasil. Ao reconhecer que havia perdido as eleições, Zé Serra, veio a público por meio dos canais de televisão, proferiu um triste discurso sobre a sua derrota, usando os últimos versos do nosso belo Hino Nacional, que assim devem agir todos brasileiros:
“Verás que um filho teu não foge à luta, Nem teme quem te adora, a própria morte”. Fugiu para o Chile, pois não adora o Brasil. Dilma não morreu, como recompensa foi eleita nossa futura PRESIDENTA.
Francisco EDILSON da Silva, bamcário do BEC-Aposentado; Juazeiro-Ce, novembro de 2010.
sábado, 30 de outubro de 2010
VOTA BRASIL
Amanhã o Brasil vai fazer uma escolha. Dilma ou Serra? O eleitor ou o cidadão ungido a essa condição poderá exercer, livremente, do voto para fazer sua opção. Dilma filiada no Partido dos Trabalhadores. Serra filiado no PSDB – Partido da Social Democracia Brasileira.
A campanha transcorreu fria. Os debates não conseguiram alcançar os temas de importância ou de interesse para os lados que cada um dos candidatos representa.
Por um lado, o Partido dos Trabalhadores quer dar continuidade às políticas de inclusão social dos pobres no sistema capitalista embrionário estabelecido no Brasil, formalizando e regulando as relações comerciais e produtivas, incentivando as pequenas e micro empresas e o financiamento estratégico e sustentável da economia como fora no Governo de Luis Inácio LULA da Silva.
De outra feita, o PSDB, enfrenta o estigma dos governos privatistas da era do então Presidente Fernando Henrique Cardoso e de sua base de apoio, de exclusão social e de perseguição dos trabalhadores. Maquiado, José Serra insistiu com um discurso dúbio, de tentar confundir as bandeiras e plataformas políticas e sua aliança com os banqueiros, as multinacionais de energia e petróleo.
Os analistas, a imprensa, os observadores internacionais, as elites de uma forma geral, todos concordam que o país avança na consolidação da democracia liberal, com a eleição e transição pacífica da sucessão presidencial.
Os gargalos no desenvolvimento do Brasil são muitos. O poder de financiamento das potencialidades e do crescimento está aberto com as descobertas do petróleo no pré-sal marítimo brasileiro.
Pesquisas apontam uma boa vantagem pró-Dilma (PT), 57,2% e Serra (PSDB) 42,8% (CNT/Sensus: TSE N°.37.919 nos dias 28 e 29) divulgada hoje 30/10-Sábado véspera da eleição.
Eu quero votar na Dilma Rousseff do PT.
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
AS TRÊS ESPÉCIES DE AMIZADE SEGUNDO ARISTÓTELES
ÉTICA A NICÔMACO
"Há três espécies de amizade, como dissemos no começo de nossa investigação, e em relação a cada uma delas alguns são amigos em igualdade de condições, e outros em uma situação de superioridade de um dos amigos em relação ao outro (não só homens igualmente bons podem tornar-se amigos, mas também um homem pode fazer amizade com outro não tão bom, e igualmente nas amizades que têm por base o prazer ou a utilidade os amigos podem ser iguais ou desiguais em relação aos benefícios que proporcionam).
Desse modo, os iguais devem ser amigos em uma base de igualdade no amor e tudo o mais, enquanto os desiguais devem beneficiar-se na proporção de sua superioridade ou inferioridade.
As queixas e recriminações surgem apenas, ou principalmente, nas amizades que têm por base a utilidade, e é natural que seja assim. Com efeito, os que são amigos com base na virtude anseiam por fazer bem um ao outro (isso é característico da virtude e da amizade), e entre homens que se emulam nessas coisas não pode haver queixas nem querelas. Nenhum homem é ofendido por um outro que o ama e lhe faz bem; aliás, se é uma pessoa de nobre sentimentos, sua "vingança" é fazer bem ao outro. Um homem que supera o outro nos serviços prestados não se queixará de seu amigo, já que obtém aquilo que pretendia, e o que cada um deles deseja é o bem. Não surgem muitas queixas nas amizades baseadas no prazer, pois ambos os amigos recebem simultaneamente aquilo que desejam, se passar o tempo juntos lhes propicia prazer; e seria ridículo se alguém se queixasse de outro por não lhe proporcionar prazer, pois depende dele não passar seus dias com esse outro.
Mas a amizade que visa à utilidade traz sempre muitas queixas; com efeito, como cada um se utiliza do outro em seu próprio benefício, eles querem sempre sair ganhando na transação, mas sempre acham que saíram prejudicados, e então censuram seus amigos alegando que não recebem tudo o que necessitam e merecem; e aquele que neste caso está fazendo bem ao outro não pode ajudá-lo tanto quanto este deseja.
Como há duas espécies de justiça, uma não escrita e a outra definida por lei, parece haver também uma espécie moral e outra legal de amizade baseada na utilidade. Desse modo, as queixas surgem principalmente quando os homens não desfazem a relação dentro do espírito do mesmo tipo de amizade que existia na época em que a iniciaram.
O tipo legal é aquele que é estabelecido sobre termos definidos. Sua variante puramente comercial baseia-se no pagamento imediato, ao passo que a variante mais liberal dá uma certa margem de tempo, porém estipula uma troca definida. Nesta variante, a dívida é clara e sem ambiguidades, mas a sua tolerância quanto ao prazo para retribuição contém um elemento de amizade, e por isso em algumas cidades não são admitidas ações judiciais baseadas em tais acordos, pois se considera que os homens que transacionaram em uma base de confiança devem aceitar as consequencias.
O tipo moral não estipula condições predeterminadas. Faz uma doação ou algum serviço é prestado como se fosse a um amigo, contudo espera receber uma retribuição equivalente ou maior, como se não tivesse dado e sim feito um empréstimo; e, se a situação da parte que deu é pior após desfazer-se a relação do que antes de havê-la contraído, esse homem que deu se queixará. Isso ocorre porque todos os homens, ou a maioria, desejam o que é nobre mas escolhem o que traz vantagem; no entanto, é nobre fazer o bem a um outro sem ter em vista alguma retribuição, mas a vantagem está em receber benefícios.
Se for possível, portanto, cumpre retribuir com o equivalente do que se recebe, pois não devemos fazer de um homem nosso amigo contra a sua vontade; em casos como este é preciso reconhecer que nos enganamos de inicio, aceitando um benefício de uma pessoa da qual não devíamos tê-lo aceito, visto que ela não era nossa amiga, e tampouco de alguém que o fez só por fazer, e devemos saldar as contas exatamente como se tivéssemos sido beneficiados mediante termos predefinidos. Efetivamente, teríamos concordado em retribuir se pudéssemos (senão, o próprio benfeitor não contaria com a retribuição); por conseguinte, se for possível devemos retribuir. Mas desde o princípio devemos aquilatar a pessoa por quem estamos sendo beneficiados e em que condições ela procede, a fim de aceitar o benefício dentro de tais condições, ou então recusá-lo, se for preferível.
É discutível se devemos medir um serviço por sua utilidade para o bneficiário e retribuí-lo nesses termos, ou se devemos medi-lo pela benevolência do benfeitor. De fato, os que recebem o benefício dizem ter recebido de seus benefeitores algo que custou pouco a estes e que eles poderiam ter recebido de outros, e desse modo minimizando o serviço; enquanto a pessoa que concedeu o benefício, ao contrário, afirma ter feito o máximo que podia, que isto não poderia ter sido obtido de outrem, e que o benefício foi prestado em um momento de perigo ou de necessidade.
Então, se a amizade é da espécie que visa à utilidade, certamente a vantagem para o beneficíado é a medida, pois é este que solicita o serviço e o outro o ajuda supondo que irá receber uma retribuição equivalente. Assim, a ajuda terá sido exatamente igual à vantagem do beneficiado, o qual, portanto, deve retribuir com o equivalente do que recebeu, ou mais (pois isso seria mais nobre).
Por outro lado, nas amizades que se baseiam na virtude não surgem queixas; aqui, a intenção do benfeitor é uma espécie de medida, uma vez que na intenção se encontra o elemento essencial da virtude e do caráter.
Também nas amizades que se baseiam na superioridade surgem divergências; cada parte espera obter mais proveito delas, porém quando isso acontece, a amizade se desfaz. Não somente o homem melhor pensa que merece receber mais, já que um homem bom merece efetivamente receber mais, como o homem mais útil espera o mesmo, alegando que um homem inútil não deve receber tanto quanto o útil, pois nesse caso a amizade deixa de ser amizade para converter-se em caridade, se o que recebe não corresponde ao valor dos benefícios conferidos. Essas pessoas supõem que do mesmo modo que em uma sociedade comercial os que entram com mais dinheiro devem ganhar mais, o mesmo deve ocorrer na amizade. Mas as pessoas inferiores ou que se encontram em estado de necessidade, tem pretensões opostas a esta: pensam que compete a um bom amigo ajudar os amigos necessitados. De que serviria, pensam elas, ser amigo de um homem bom e poderoso se não se tirasse nenhum proveito disso?
De qualque modo, parece que cada parte está certa em sua asserção, e que cada um deveria tirar mais vantagem da amizade do que o outro, todavia não da mesma coisa; o superior deveria obter mais honras, e o inferior, em ganho, pois a honra é o prêmio da virtude e das benfeitorias, e o ganho é a recompensa da inferioridade.
Parece acontecer o mesmo nas disposições constitucionais; o homem que não contribui com nada para o bem comum não é distinguido com honras, pois o que pertence à comunidade é dado a quem a beneficia, e as honras pertencem á comunidade. Não é possível receber ao mesmo tempo riqueza e honra do patrimônio comum, pois ninguém se conforma em receber o menor quinhão em tudo; portanto, ao homem que perde a riqueza confere-se honraria, e riqueza ao que consente em ser pago, já que a proporção em relação ao mérito torna as partes iguais e preserva a amizade, como dissemos.
É essa, então, a maneira pela qual nos deveríamos associar com os desiguais: o homem que é beneficiado com respeito à riqueza ou à virtude deve retribuir com honras, compensando o outro na medida de sua capacidade. Com efeito, a amizade pede a um homem que faça o que pode e não o que é proporcional aos méritos do caso, visto que isso nem sempre é possível (por exemplo, no caso das honras prestadas aos deuses ou aos pais), pois ninguém jamais lhes poderia pagar o equivalente do que recebe, mas o homem que os serve tanto quanto está a seu alcance é considerado um homem bom.
É por isso que não parece lícito a um homem deserdar seu pai (embora o pai possa deserdar o filho); como devedor que é, deve pagar, mas nada do que um filho possa fazer será equivalente ao que recebeu, de tal forma que ele continua sempre em débito. Mas do mesmo modo que credores podem perdoar uma dívida, também um pai pode fazê-lo. Ademais, pensa-se que ninguém repudiaria um filho, a não ser que este fosse profundamente perverso; com efeito, deixando de lado a amizade natural entre pai e filho, é próprio da natureza humana não negar ajuda a um filho. Mas se este de fato é perverso, evitará ajudar o pai ou não fará muito empenho nisso, pois a maioria das pessoas deseja receber benefícios, porém evita fazê-los por considerar que isso não lhe traz proveito.
Sobre essas questões dissemos o bastante" (fls. 191 usque 194)"
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
“INVENTANDO A REGIÃO: OS INTELECTUAIS DO INSTITUTO CULTURAL DO CARIRI NA DÉCADA DE 50” – CONTRACULTURA, TRADIÇÃO E ORALIDADE POR ROBERTO MARQUES* UM RESUMO PARA O DEBATE DO CENTENÁRIO DE JUAZEIRO DO NORTE.
O Autor contextualiza o discurso dos intelectuais do ICC – Instituto Cultural do Cariri a partir da década de 50, descortinando o discurso simbólico da produção historiográfica encetada por seus próceres: J. de Figueiredo Filho, José Newton Alves de Souza, Joaryvar Macedo, F. S. Nascimento, citando ainda Irineu Pinheiro, Padre Antonio Gomes de Araújo, Martins Filho, Napoleão Tavares.
Com referencial teórico em Durkheim e Habwachs, Hobsbawn e Albuquerque Jr., procura descortinar a construção teórica que levaram a cabo no ICC: “vestindo-se com a armadura de uma coragem invulgar, [adentrarão] em velhos arquivos empoeirados [...] [a revelar] as verdadeiras origens do Cariri, seu descobrimento, conquista e povoamento” (MACEDO, 1985:60)”.
Além de aqueles intelectuais trabalharem com levantamentos biográficos, inventários, dados cartorários e arquivos da Igreja Católica é enfático em enumerar o trabalho de MACEDO (1985): “Dentre os 364 portugueses, 231 norte-grandenses, 456 paraibanos, 816 pernambucanos, 171 alagoanos e 48 maranhenses, apenas um ou outro tem seus herdeiros nomeados ou suas mais prestimosas obras descritas, ao contrário das sintéticas informações de nome completo e lugarejos descritos em geral no longo catálogo”. “Torna-se claro, pois, que não são brumas do passado que se tenta aqui dissipar, mas busca-se a nobreza da ascendência”.
Através de uma produção com viés “telúrico” e “nativista”, na “estirpe” e “nobreza ascendente” dos primeiros povoadores buscam “as autenticas raízes sociais da civilização no Cariri cearense e fundadores de sua aristocracia rural (MACEDO, 1985:54)”.
A tese geral é da reconstrução e construção de uma identidade regional a partir de um núcleo intelectual da elite cratense disseminada para restabelecer uma hegemonia política, cultural e intelectual com base no Crato, diferenciada do Ceará e do Nordeste e com ênfase original, tencionando as disputas históricas ocorridas entre Crato e a emancipação política de Juazeiro do Norte desde 1911, com a crescente mudança geopolítica e econômica de influência no Cariri.
O Cariri passa então a ser cultuado como objeto do desenvolvimento nacional a partir de uma tradição cratense de inserção em suas lutas políticas históricas de suposto protagonismo na unidade do Brasil como em 1817 e 1824. Assim, Roberto Marques citando Neves (1994) realça “utiliza a idéia de memória regional hegemônica a fim de reforçar a idéia da memória coletiva como objeto de constantes disputas”.
Ou como em J. de Figueiredo Filho (Tradicional e Progressista cidade do Crato, 1962), que enfatiza o Folclore, levantando as contradições com a “Cidade da Cultura” e a discriminação que sofreu historicamente no Crato de antão as bandas cabaçais, tidas como arcaicas, o maneiro-pau, luta de cabras e cangaceiros, a lapinha como relativização serena com o samba do terreiro “com suas brigas, namoros acochados e a cachaça a correr pelas goelas de cabras arruaceiros (1962:41-2)”.
“Meu pai, José Alves de Figueiredo Filho, prefeito naquela época, foi dos que, mais denodadamente, travaram luta contra o conjunto musical, tido como arcaico. Combatia-o em nome das coisas novas. Proibiu a exibição das cabaçais em dias comuns, e até nas feiras, a desfilarem pelas ruas (1962:12-3)”.
Ao mesmo tempo em que aqueles intelectuais faziam uma releitura social justificada, procuravam reinserir na memória cratense os signos da tradição regional para o contexto progressista unilateral e hegemônico, afastando o predomínio de Juazeiro do Norte no contexto, unindo tradição e religião.
“O Cariri é um pródigo exemplo para se refletir sobre a tradição como idéia fundante dos recortes espaciais na Região Nordeste”.
Os recortes no contexto da produção do Instituto Cultural do Cariri – ICC, na década de 50, segundo o autor avançam além de uma reinvenção da tradição, do folclore e buscam então uma delimitação geográfica com base na característica abundante de recursos naturais em torno da Chapada do Araripe e na Região do Cariri para recolocar a cidade de Crato novamente no centro do desenvolvimento, “apresentando o Crato como berço das famílias tradicionais da região, diante das hordas de romeiros da “Meca do Fanatismo”.
Por fim, o autor exemplifica citando Irineu Pinheiro (1953), que rememora a representação da Câmara de Vereadores do Crato em 10 de Julho de 1928, advogando a criação da província do Cariri Novo, cuja capital seria no Crato: “... aos poucos o ICC via forjando à sua imagem o que pretende ser a identidade caririense. Distinguindo-se da “Meca do Fanatismo” e constituindo a memória hegemônica sobre a região”.
E arremata: “Depois de instituído esse projeto, que sobrevive parcamente ainda hoje, depois de inventada a “Cidade da Cultura”, jamais deixará de haver novos artistas e intelectuais a inventar o Cariri. A geração de 70 será, portanto, herdeira, por vezes literalmente, e prisioneira desse projeto”.
Importante a leitura e releitura do texto para todos os intelectuais e estudiosos sobre nossas referências e diferenças, encontros e desencontros com a História do Brasil, ainda mais nesse momento em que Juazeiro do Norte está às vésperas do centenário e quando fora criada a Região Metropolitana do Cariri.
• MARQUES, ROBERTO
Contracultura, tradição e oralidade: (re) inventando o sertão nordestino na década de 70/Roberto Marques – São Paulo. Ed. Annablume, 2004. 168p.; 11,5 x 20 cm; ISBN: 85-7419-424-7.
OUTROS NORDESTINADOS NO CORAÇÃO DO BRASIL
"Eu quis amar mas tive medo
E quis salvar meu coração
Mas o amor sabe um segredo
O medo pode matar o seu coração
Água de beber
Água de beber, camará
Água de beber
Água de beber, camará"
(Vinicius de Moraes / Antonio Carlos Jobim)
Se de uma forma ou de outra somos brasileiros, enquanto povo de uma região demarcada administrativamente, nós somos o produto de nossa cultura ou de nosso espaço geográfico? Isso tem tanta ou mais importância que a delicadeza das palavras assentadas nas páginas da historiografia contemporânea diante da realidade persistente.
“A seca, o cangaço, o messianismo, as lutas de parentela pelo controle dos Estados, são os temas que fundarão a própria idéia de Nordeste, uma área de poder que começa a ser demarcada com fronteiras que servirão de trincheiras para a defesa dos privilégios ameaçados” (MUNIZ, 1999).
Ou, “O sertanejo, é antes de tudo, um forte”, como definiu Euclides da Cunha em OS SERTÕES : “O sertão, com seus ventos bíblicos, calmarias pesadas e noites frias, impressiona. Cortado por veredas e árvores retorcidas em desespero, todo ele são monótonos caminhos de caatingas e areais ressequidos. As "pueiras", lagoas mortas, de aspectos lúgubres, são o único oásis do sertanejo. A serra de Monte Santo, com seus tons azulados, é uma cortina de muralha monumental. As conformações rochosas, no ermo vazio do Bendegó, dão a ilusão de ruínas antigas. Os grandes desmoronamentos rochosos do sertão lembram "mares de pedras". Os rios salgados, quando secam, parecem um fundo de mar extinto, uma impressão acentuada pelos fenômenos ópticos do calor. Isso reforça a mítica sertaneja de que "um dia o sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão".
O Brasil refunda-se com a globalização da economia. Almeja ficar entre os cinco maiores países de economia capitalista do mundo até a próxima década (XXI), o nordeste do Brasil arrasta-se para o desenvolvimento a pau-a-pique: Água e Sol. Energia e Transportes. Mão-de-obra e Tecnologia. Bem estar e Felicidade?
A partir de 1999 o litoral do Nordeste do Brasil passou a conviver com o fenômeno histórico da falta de abastecimento de água para as necessidades humanas comum no interior do sertão. Em 2006, o estudo “Atlas Nordestino” da Agência Nacional de Águas ., especificou que até 2025, 70% dos municípios com até cinco mil habitantes enfrentarão problemas de abastecimento de água. “O Semi-Árido, que ocupa uma área de 977 mil km², é caracterizado por reservas insuficientes de água em seus mananciais, temperaturas elevadas durante todo o ano, baixas amplitudes térmicas e forte insolação. Os totais pluviométricos, irregulares e inferiores a 900 mm, são normalmente superados por elevados índices de evapotranspiração, resultando em taxas negativas no balanço hídrico”.
O Governo do Presidente Lula, legitimou o que já havia sido escrito na Constituição de 1988 em seu artigo vinte e um que criou um sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos, definiu os critérios de outorga e direitos de uso da água, através do PROÁGUA/Nacional, nascido da experiência exitosa do PROÁGUA/Semi-Árido, com os atributos, compromissos e garantias do gerenciamento sustentável incorporados pela Lei 9.433/97.
A par disso, a transposição de águas do Rio São Francisco já é uma realidade, além disso, o rio abriga as hidroelétricas de Paulo Afonso I, II, III e IV, Itaparica e Moxotó, Sobradinho e Três Marias., integra áreas territoriais do Goiás, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Da Serra da Canastra até desaguar no Atlântico são aproximadamente 2.660 Km. A transposição beneficia a Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental que abrange os estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas, toda ela no semi-árido.
Com as obras da Ferrovia Transnordetina e a ampliação e conclusão dos portos do SUAPE no Pernambuco e PECÉM no Ceará, o semi-árido nordestino prepara-se para dar um salto de qualidade e capacidade na produção e exportação de mercadorias, bens e serviços.
A extensão de 1.728 kilômetros de ferrovia com bitola de exportação une Missão Velha-CE, Salgueiro-PE, Petrolina-PE e Juazeiro-BA passando por Eliseu Martins no Piauí, assim interligada às outras vias ferroviárias já existentes de bitola métrica, com as hidrovias e vias rodoviárias, potencializando a capacidade de desenvolvimento da produção e exportação.
O pólo gesseiro, a gipsita do Araripe, o nosso doce mel, flores, o algodão, ouro branco nordestino para o incremento da indústria têxtil, a cana-de-açúcar para a produção do álcool, do açúcar e da rapadura, o biodiesel, os calçados, o artesanato e a água mineral do Cariri serão cargas potenciais para o incremento das exportações dos sistemas locais de produção.
A agroindústria em Petrolina e Juazeiro, o minério de ferro, a siderurgia e refino de petróleo em fase de instalação em Pernambuco e no Ceará, a carne e o farelo de soja, tudo dentro de uma logística interligada através da Ferrovia Transnordetina e a proximidade dos portos do Suape e Pecém com a Europa são alvissareiros relampejos.
Assim, ainda não é tarde prá lembrar que uma “Produção Mais Limpa” requer : controle do ciclo da água no processo produtivo, uma vez que o consumo da água pela indústria representa 19% em todo o mundo, reciclagem das águas utilizadas, pois as perdas representam 20% do total, controle total com análise do ciclo de vida dos produtos e indicadores de gerenciamento ambiental; hão de garantir um futuro, sem medo, que outros nordestinados apaixonados pelos segredos do progresso morram de sede no coração do Brasil.
i) A invenção do Nordeste e outras artes”, Durval MUNIZ de, Albuquerque Junior, 1999. 4ª Ed. Recife-PE http://www.lojacortezeditora.com.br/lancamentos/cortez.html)
ii) CUNHA, Euclides, 1902. Sertões, OS. Domínio Popular.
iii) Web site: www.ana.gov.br
iv) http://www.ecopress.org.br/eco+watch/gerenciamento+dos+recursos+hidricos+na+industria
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
POLÍTICA E FLORES ENFRENTAM-SE, SEMPRE!
O elogio administrativo não é política, assim como a crítica administrativa não é política.
Política é afetação da realidade.
A realidade por si só corresponde ao dilema humano, ("...mais que demasiadamente humano"), de enfrentamento solitário dos conceitos intrínsecos à psiquê, do amor sexual, da reprodução e produção para si de uma vida para o futuro, de outros tantos vetores íntimos.
Política é o enfrentamento coletivo das partes no todo. É por isso que uma política de elaboração teórica, sem um quê de afetação da realidade, não convence, não prepara para o enfrentamento os indivíduos da parte, e assim, todo aquele partido.
Como por exemplo, uma política ambiental de preservação do semi-árido no nordeste do Brasil.
Um movimento social ou uma lei aprovada para esse fim que não arme o sertanejo interessado na preservação do semi-árido para o enfrentamento das corporações empresariais, como no caso da exploração do clima e solo para o plantio de flores, que, segundo o Banco do Nordeste do Brasil, garante uma produção de 200 rosas por m2/ano, duas vezes superior à produtividade da Colômbia, maior produtor latino americano de flores, simplesmente vai naufragar e desencadear outro desastre histórico como no caso da cana-de-açúcar no setecentos nordestino. Ora, já em 1998, veio o título: "Nordeste é o jardim da Europa".
Com estufa e irrigação: Crisântemos, tango, aster, gipsofila, lírio, gérbera, girasol e margaridas cultivadas a quatro graus da linha do Equador, os bulbos do Ceará para a Holanda: Viva o Dia das Mães!
Violetas, lírios, helicônia, o bastão-do-imperador, CRAVOS!
Então, mesmo que seja com flores, há uma política de exportação e de degradação do ambiente semi-árido como sempre se nos apresentou, daí a necessidade de afetação dessa realidade, de enfretamento dos diversos vetores envolvido, como geração de empregos, divisas internacionais, etecetera.
Política e flores enfrentam-se, sempre!
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Bertolt Brecht
Viesse um vento
Eu poderia alçar vela.
Faltasse vela
Faria uma de pano e pau.
...
Bertolt Brecht
Eu poderia alçar vela.
Faltasse vela
Faria uma de pano e pau.
...
Bertolt Brecht
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