quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

SOCIEDADE DOS HOSTEÓTIPOS

LIVRO MANIFESTO


A Sociedade dos Hosteótipos[i] nasce dessa degenerescência compulsiva da burguesia em adotar teses socialistas de forma híbrida para manter-se viva na liderança do sistema capitalista.

A instituição, a título exemplar, que melhor remonta o inicio da Sociedade dos Hosteótipos, são as cooperativas de toda espécie, em especial as cooperativas de crédito. Será o nicho espetacular que abrigará nos primórdios, esses seres elegantes com aspectos simplórios que degeneram através da cobiça e da corrupção em massa, abrigando-se nas sociedades não governamentais e nas pregações à piedade enquanto dilaceram o tecido social, apoderando-se de seu plasma.

O sistema econômico dos cooperados, seja de trabalhadores, seja de empresários, seja de crédito, seja de profissionais especializados convive desde sua inserção ou adoção, como uma antítese às fábulas das leis de mercado, do lucro pelo capital, da mais-valia, da especulação, etcetera.

Os cooperados são os precursores dos hosteótipos, pois, apesar de serem de diversas classes sociais envolvidas no modo de produção capitalista, não têm identidade comum ou objetivos revolucionários aparentes, são híbridos, conviventes da nova ordem social e econômica que nascia: a Sociedade dos Hosteótipos!

Vejam os senhores que ainda no feudalismo, assim como os burgueses, os hosteótipos vivenciavam os primórdios da nova sociedade, se desfazendo do papel de vassalos e soldados dos protetorados. Diferentemente dos operários para o Socialismo, que, ao invés de crescerem e se transformarem numa espécie de ‘coveiros da burguesia’ como se ousou reduzir historicamente na teoria ‘marxista’ sua função no sistema, não mais, dentro de uma teoria geral de revolução por sobreposição no sistema capitalista em construção, poder-se ia dizer assim, que foram os guerreiros, as ‘hostes’, o elemento vivo à frente das batalhas pelo objeto do ter, a ‘práxis’ que efetivamente movia e move o sistema.

Os hosteótipos, de uma hora para outra entre a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria sucumbiram em corpo e espírito, simplesmente foram engolidos pela evolução dos dois sistemas na organização humana geral e perderam importância como segmentos sociopolíticos.

Os hosteótipos ressurgem a partir do ano 2001 como em uma “Odisseia no Espaço”, agora com ênfase no total individualismo em cooperação política de interesses esparsos ou como elementos de um exército sem comando, embalados pela mesma ‘ambição’, como neo-cooperados em ajuntamentos urbanos, motivados pela mesma ‘ambição’ burguesa, organizados dentro da Rede Mundial de Computadores que auto constroem em parelho às redes sociais, mutilando a rede formal de informação, dando ênfase à violência urbana como lugar comum da guerra de subtração e substituição, lugar tenente, que utilizam como arma para a segregação e manutenção dos territórios contemporâneos conquistados a duras penas e com o sangue de irmão contra irmão.

Os cooperados, então, hão de assumir esse papel figurativo dentro do contexto teórico das lutas pela supremacia contra os burgueses para afanar o que lhes parecia seu de direito, como fatores da ‘composição’ espraiada que gerou uma ‘unidade passada’ da Sociedade dos Hosteótipos’.

Não só isso. Há o fermento tradicional das religiões antagônicas a abrir o caminho às ‘hostes urbanas’ como um contraponto à peregrinação pela salvação das almas, sem sucesso diante do calafrio da guerra silenciosa que lhes move o Estado Nacional.

Há ainda o contexto favorável da manipulação das drogas viciantes e o consequente lucro que proporcionam aos seus líderes, ao mesmo tempo em que enfraquecem milhares de humanos ao derredor do mundo, ficando à míngua da utilização na própria carnificina, teatro mais que perfeito para ascensão lenta e silenciosa dos Hosteótipos.



[i] "Defeito hereditário dos filósofos. - Todos os filósofos têm em si o defeito comum de partirem do homem do presente e acreditarem chegar ao alvo por uma análise dele. Sem querer, paira diante deles "o homem", como uma aeterner veritas, como algo que permanece igual em todo o torvelinho, como uma medida segura das coisas. Tudo o que o filósofo enuncia sobre o homem, entretanto, nada mais é, no fundo, do que um testemunho sobre o homem de um espaço de tempo muito limitado. Falta de sentido histórico é o defeito hereditário de todos os filósofos; muitos chegam a tomar, despercebidamente, a mais jovem das configurações do homem, tal como surgiu sob a pressão de determinadas religiões, e até mesmo de determinados acontecimentos políticos, como a forma firme de que se tem de partir. Não querem aprender que o homem veio a ser, que até mesmo a faculdade de conhecimento veio a ser; enquanto alguns deles chegam a fazer o mundo inteiro se urda a partir dessa faculdade de conhecimento. - Ora, tudo o que é essencial no desenvolvimento humano transcorreu em tempos primordiais, bem antes desses quatro mil anos que conhecemos mais ou menos; nestes pode ser que o homem não se tenha alterado muito mais. Mas o filósofo vê "instintos" no homem do presente e admite que estes fazem parte dos fatos inalteráveis do homem e nessa medida podem fornecer uma chave para o entendimento do mundo em geral: a teologia inteira está edificada sobre o falar-se do homem dos últimos quatro milênios como de um eterno, em direção ao qual todas as coisas do mundo desde seu inicio tenderiam naturalmente. Mas tudo veio a ser; não há fatos eternos: assim como não há verdades absolutas. - Portanto, o filosofar histórico é necessário de agora em diante e, com ele, a virtude da modéstia." (Nietsche, Friedrich Wilhelm, 1844-1900 - OBRAS INCOMPLETAS - NOVA CULTURA, 1987; p. 48).

Nenhum comentário:

Postar um comentário